terça-feira, 4 de setembro de 2018

O Fim e o Princípio Eduardo Coutinho

O Fim e o Principio, singelo e impactante. Pessoas simples surradas do sol trabalhando ou que, trabalharam na lavoura. Passa-se no sertão da Paraíba em um pequeno povoado da cidade São João do Rio do Peixe onde quase todo mundo é de certa forma da família. O contraste da paisagem seca, laranja que se instala ao redor passa a sensação de calor, de vida difícil e de mesmice. Gravado de uma forma natural com perguntas feitas de atrás da câmera explorando a espontaneidade do narrador. Coutinho buscou o total acaso para realizar este filme que foi uma verdadeira aventura indo para uma realidade lenta e reflexiva. Por vários momentos nota-se uma proximidade grande entre os entrevistados e o entrevistador com certa cumplicidade deixando esse filme mais pessoal. É um documentário bem honesto, você percebe que o povo é simples, trabalha com a terra, não tem muita riqueza material, e mesmo assim oferecem um café, as pessoas que já vão entrando, são receptivos e acolhedores. Você vê a cultura do lugar brotar e entende o contexto e a vida daquele local. É antropológico, o silencio fala. Uma realidade com outras prioridades e com um preconceito distinto dos grandes centros. Percebemos mulheres fortes que ao perderem os maridos optaram por não se casarem novamente, inclusive uma que nunca casou e nem teve filhos, está mesma que espera ansiosamente o pagamento de sua aposentadoria, para pagar todas as suas dividas ir para casa pitar seu cachimbo e beber até adormecer em sua rede enquanto vê a noite chegar. Eduardo Coutinho deixa a cultura do lugar aflorar. Prestar atenção no dialeto, na geografia e cultura do lugar, região do sertão, árida bem diferente do clima da praia ou grandes cidades, os corpos falantes que produzem a cena num dialeto quase que não compreendido se não fossem os gestos.

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