quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Pixote - A Lei do Mais Fraco (1981)

Pixote - A Lei do Mais Fraco (1981) "Pixote - A Lei do Mais Fraco" é um filme daqueles que você não consegue ignorá-lo depois de assisti-lo. Um retrato duro sobre a realidade brasileira na década de 70 retrata por crianças e adolescente fugitivos da FEBEM, instituição falida da qual preparava para o crime ao invés de dar oportunidade. O protagonista é um menino chamado Pixote (Fernando Ramos da Silva) de 10 anos que após ser colocado na FEBEM por sua mãe, acreditando que na instituição o menino teria a chance de um futuro melhor, entretanto a realidade era bem diferente, sofrendo maus tratos e vivendo em meio a "marginais formados" pela falta de oportunidade o nosso protagonista vê sua inocência perdida a cada delito praticado pela sobrevivência. Após fugirem da FEBEM Lilica entra em contato com Cristal um fornecedor, embarcam assim numa viagem para o Rio de Janeiro para tentarem ser traficantes. Ridiculamente falhando conhecem uma prostituta (Marilia Pera) da qual arrumam sustento roubando os clientes dela. Assim a trama acontece, rodeada de prostituição, violência e pobreza. Entrando nesse assunto sobre a FEBEM conhecida por fugas, rebeliões, maus tratos, superlotação e tortura, o fracasso estava fadado ao ponto em que a FEBEM se tornava um sistema carcerário camuflado pela falsa oportunidade aos menores. Em 2003 foram registradas 80 rebeliões e inúmeras denúncias ao ministério público e outras entidades dos direitos humanos. Em 2006 as medidas socioeducativas são feitas, tornando a FEBEM na Fundação CASA. Vários complexos foram desativados e funcionários afastados, mas as coisas continuam parecidas, a mudança foi só de nome. O silêncio tomou conta, muita coisa errada ainda rola lá dentro, como excessos de remédios, pacientes dopados e mortes registradas. Vale lembrar que o Ator principal do filme acabou levando a vida do Pixote na vida real, sendo assassinado pela polícia em 25 de agosto de 1987. Fonte: https://www.revistaforum.com.br/de-febem-a-fundacao-casa/

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O Fim e o Princípio Eduardo Coutinho

O Fim e o Principio, singelo e impactante. Pessoas simples surradas do sol trabalhando ou que, trabalharam na lavoura. Passa-se no sertão da Paraíba em um pequeno povoado da cidade São João do Rio do Peixe onde quase todo mundo é de certa forma da família. O contraste da paisagem seca, laranja que se instala ao redor passa a sensação de calor, de vida difícil e de mesmice. Gravado de uma forma natural com perguntas feitas de atrás da câmera explorando a espontaneidade do narrador. Coutinho buscou o total acaso para realizar este filme que foi uma verdadeira aventura indo para uma realidade lenta e reflexiva. Por vários momentos nota-se uma proximidade grande entre os entrevistados e o entrevistador com certa cumplicidade deixando esse filme mais pessoal. É um documentário bem honesto, você percebe que o povo é simples, trabalha com a terra, não tem muita riqueza material, e mesmo assim oferecem um café, as pessoas que já vão entrando, são receptivos e acolhedores. Você vê a cultura do lugar brotar e entende o contexto e a vida daquele local. É antropológico, o silencio fala. Uma realidade com outras prioridades e com um preconceito distinto dos grandes centros. Percebemos mulheres fortes que ao perderem os maridos optaram por não se casarem novamente, inclusive uma que nunca casou e nem teve filhos, está mesma que espera ansiosamente o pagamento de sua aposentadoria, para pagar todas as suas dividas ir para casa pitar seu cachimbo e beber até adormecer em sua rede enquanto vê a noite chegar. Eduardo Coutinho deixa a cultura do lugar aflorar. Prestar atenção no dialeto, na geografia e cultura do lugar, região do sertão, árida bem diferente do clima da praia ou grandes cidades, os corpos falantes que produzem a cena num dialeto quase que não compreendido se não fossem os gestos.