segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Bicho de Sete Cabeças

Bicho de sete cabeças", lançado em 22 de junho de 20012 conta a história de um adolescente normal (Rodrigo Santoro) como qualquer outro. Visto aos olhos do pai, um rebelde, que apesar de uma educação extremamente conservadora passou a fazer uso de drogas (maconha). Ao descobrir que seu filho se tornou usuário, o pai toma uma medida drástica. Interna seu filho em um hospital psiquiátrico com a esperança de livra-lo do vício. Acontece que o garoto é submetido à barbaria do eletrochoque criando traumas irreversíveis. A atuação dos internos realmente passa veracidade fugindo do estereótipo clichê, como o personagem Ceará vivido por Gero Camilo. A atitude do pai, atuação de Othon Bastos é de uma “crueldade provocada, por incrível que pareça, por uma intenção `nobre` – porém, sua ignorância deturpa suas ações.” (http://arquivo.cinemaemcena.com.br) O filme dirigido pela diretora Laís Bodanzky é uma denúncia gravada sobre a situação manicomial no Brasil extremamente precária e sem estrutura psicológica de tratar um ser humano. Essa a polemica real é o motivo da escolha desse filme, gerar o debate sobre o sistema manicomial brasileiro. O filme inspirado no livro “O Canto dos Malditos uma mostra autobiográfica de Austregésilo Carrano”, traz um retrato assustador da sua estadia em um hospício, comparado com o inferno bíblico. Assunto relevante que gera o debate, o tratamento com os julgados loucos tira o caráter humano de uma pessoa, ela deixa de ser gente, os pacientes são tratados como sub-humanos não levam em consideração a característica individual de cada um. A loucura é vista como tabu e o louco um qualquer. Os manicômios são vistos como verdadeiras "casas de extermínio". 80% dos pacientes viram habitantes do local ou morrem ali mesmo, fora a prisão psíquica (através de medicamentos) e física que são submetidos, tornando-se mortos-vivos incapazes de voltar para a realidade do mundo. “Poucas pessoas sabem disso, mas o sistema manicomial brasileiro tornou-se, nas últimas décadas, uma espécie de indústria incrivelmente lucrativa: além das milionárias (e mal-empregadas) verbas injetadas pelo governo (algo que é ilustrado no filme), ainda há um assustador `mercado` de cadáveres, já que várias faculdades de medicina utilizam os corpos de ex pacientes psiquiátricos como espécimes de estudo de anatomia. Ao retratar um mundo em que `cura` é um conceito tragicamente abstrato, Bicho de Sete Cabeças emociona profundamente. E o que é mais importante, faz pensar.” (Fonte Pablo Villaça). No livro Holocausto Brasileiro de 2013 da jornalista Daniela Arbex temos o depoimento do, na época estudante de medicina Paulo Henrique Alves que diz o seguinte: “No primeiro ano de medicina, não tínhamos ideia da crueldade que estava por trás daquelas peças. Às vezes, ao dissecarmos um pulmão, percebíamos a presença de tuberculose, e os professores diziam que isso era comum nos cadáveres de Barbacena. Também chamava a atenção a magreza dos corpos usados nas aulas de anatomia. No entanto, a própria questão da loucura era uma coisa distante para mim naquele momento. Mais tarde, comecei a tomar conhecimento do que se passava naquele hospital... Quando os corpos começaram a não ter mais interesse para as faculdades de medicina, que ficaram abarrotadas de cadáveres, eles foram decompostos em ácido, na frente dos pacientes, dentro de tonéis que ficavam no pátio do Colônia. O objetivo era que as ossadas pudessem, então, ser comercializadas” Por aí vocês percebem a importância deste filme brasileiro. Vale muito a pena investir seu tempo para conhecer essa obra e ficar por dentro de um mundo que só muda quando nós abrimos os olhos para esse tipo de situação. Para quem quiser se aprofundar mais sobre o assunto, segue alguns links interessantes Sobre a luta Antimanicomial http://www.politize.com.br/luta-antimanicomial-o-que-e/ Livro “Holocausto Brasileiro”. http://politicaedireito.org/br/wp-content/uploads/2017/02/Holocausto-Brasileiro-Daniela-Arbex-1.pdf E para concluir, o Trailer para dar aquela conferida! Abraço e boa semana.